sexta-feira, 16 de abril de 2010

E hoje eu desvendei meus sentimentos

Hoje fui mais uma vez com o Pietro à reunião das Amigas do Peito. E ouvindo aquilo tudo, descobri porque certos sentimentos emergiram após seu nascimento.

O nascimento do Pietro ocorreu de uma forma que eu não esperava. Com uma gestação totalmente fisiológica, jamais me passou pela cabeça que algo fosse dar errado já no final. Pensava somente que ele nasceria de parto normal, afinal se 85% das mulheres são capazes, porque eu não seria? A cesárea era uma idéia muito remota para mim...

Bem, num desses exames no final da gestação descobri que estava com pouco líquido amniótico. Ao repetir o exame no dia seguinte, quase nenhum líquido. A solução dada pela médica foi interromper a gestação. Eu não entrei em trabalho de parto, nem sei como é sentir uma contração. Essa situação foi muito difícil para mim. Eu não esperava que o meu filho teria de ser tirado de dentro de mim assim, tão de repente. E foi muito difícil e doloroso o processo de aceitar essa forma de nascer. Eu tive uma tarde para me preparar, viver o luto de não ter o parto idealizado, me despedir do meu filho dentro de mim. Quando voltei para casa e por aproximadamente 10 dias eu fiquei muito fragilizada, me sentindo mal emocionalmente. Sentia vontade de chorar sem motivo, pensava na cesárea... Mas passou, a vida seguiu e hoje eu ouvi algo que me fez entender o que se passou.

A coordenadora do grupo estava falando de desmame. Sobre os desmames da vida, as separações. Que cada um vive isso de uma forma. Existem pessoas que preferm desmamar de súbito; outras preferem desmamar gradativamente, como se estivesse se despedindo... E então ela falou da saudade da barriga, e isso me fez lembrar desse momento do nascimento do Pietro. Foi aí que compreendi: por que tanto pavor da cesárea? Porque a cesárea foi uma ruptura brusca! Acho que o parto natural simbolizava para mim essa despedida, porque o bebê não é arrancado das entranhas da mãe, ele é gradativamente expulso do seu corpo para o mundo, como um ritual de despedida... Por isso acho que sofri muito. Eu sou dessas que precisa se despedir! Não ter parido meu filho naturalmente me dá uma sensação de incompletude, como se tivesse faltado algo no processo de me tornar mãe.

Agora entendo porque a amamentação é esse resgate do vínculo. Somos novamente só os dois, unidos nessa relação que é tão nossa. Eu dôo minha essência vital, meu sangue branco, assim como quando ele estava no meu ventre e recebia essa essência via placenta. Não é só nutrição, é compartilhar meu corpo, como era quando ele estava dentro de mim, dividir meu amor...

Quem sou eu para dizer o que é ser mãe? Mas acho que não viver pelo menos uma dessas experiências quando se gera um filho deve ser estranho, como se estivesse faltando um pedaço.

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