sábado, 16 de maio de 2009

Campanha pelo Parto Natural na Saúde Suplementar

Diante do grande número de cesáreas que ocorrem no Brasil, está sendo realizada agora pela Agencia Nacional de Saúde Suplementar uma campanha pelo parto natural. Infelizmente, o discurso que ouvimos de muitas mulheres, inclusive de mulheres profissionais de saúde, é que o parto normal é "anormal", ser moderna é parir através de cesárea. Como me disse uma colega médica essa semana, o preconceito com o parto normal é tanto que quando você diz que deseja esse tipo de parto algumas pessoas acham que você quer parir que nem bicho. Mas cesariana é bom pra quem? Para o médico, sempre, sem sombra de dúvidas: é só marcar um horário, de preferência de dia e durante a semana, e em uma hora o trabalho está feito. Mas para a mulher e o bebê, nem sempre. Tenho o relato de uma amiga que precisou de morfina após a cesárea, com tanta dor que teve. E sabemos que muitos bebês precisam de incubadora, pois na cesárea eletiva (agendada) nem sempre o bebê está maduro para nascer. Esta semana meu cunhado relatou a complicação respiratória que o terceiro filho dele teve após uma cesárea eletiva, e que ele atribui a possibilidade de não ter sido feita uma boa retida das secreções das vias respiratórias. No parto natural a própria passagem no canal do parto faz com que estas secreções sejam expelidas das vias respiratórias do bebê. Cesariana pode ser muito bom sim, mas quando realmente indicado.



Coloco aqui alguns trechos de um artigo do médico Tadeu Sampaio, intitulado "Parto seguro: um direito de toda mulher". O artigo, na íntegra, se encontra no site da ANS (http://www.ans.gov.br/portal/upload/noticias/_Hotsite_Parto/20090317cfm.pdf).




"Os resultados confirmam 80% das mulheres desejam ter
parto normal vaginal e somente 19% preferem uma cesárea
eletiva. Será que alto índice de cesárea no Brasil se deve
realmente a preferência feminina? Ou será que nossos médicos
preferem fazer cesáreas? O índice recomendado pela OMS seria de
15% de cesarianas, no Brasil , em hospitais particulares, esses
índices muitas vezes ultrapassam 90% , estamos diante dos
médicos cesaristas. Entretanto, porque o alto índice de
cesarianas? Em primeiro lugar é mais prática e econômica,
enquanto um parto normal pode durar entre seis e sete horas,
basta só uma hora e é suficiente para uma cesariana. Significando
otimização de tempo e ganhos com outras atividades. (...)
o que favorece este tipo de
posição é realmente a falta de informação, mas também a cultura
popular, há um certo mito que o normal gera mais complicações
fetais, o que não é verdade. Inclusive a verdade está bem longe
disso, no parto normal as complicações são menores, há menos
incidência de infecções , complicações hemorrágicas pós parto e a
recuperação da paciente é mais rápida. (...)
O parto normal numa posição mais vertical
favorece naturalmente a saída do bebê, pois tem a força da
gravidade trabalhando a seu favor. Já foi comprovado
cientificamente, no passado, que no parto de cócoras a
parturiente pode fazer cerca de 30% a menos de força do que se
estivesse deitada. O que tem que ser banido definitivamente é o
preconceito a respeito do parto. Idéias preconcebidas sobre um
tipo ou outro de parto, que passam de geração em geração, que
só servem para atrapalhar a cabeça da futura mamãe. (...)
O obstetra francês Michel Odent, que defende o parto seguro
chama a ocitocina de hormônio do amor, por que as fêmeas
liberam este hormônio que promovem as contrações uterinas e
pelo forte apego que imediatamente sentem pelo filhote. É uma
sensação única do binômio mãe e filho que nenhuma mulher
poderia deixar de ter essa emoção, a natureza escolhe o dia certo
para nascer, esta aproximação fica apartada pelos médicos
cesarista. Em um dos seus livros, ele relata que ratas virgens que
receberam sangue de ratas recém paridas, se apegaram
imediatamente a filhotes colocados ao seu lado. Há uma vontade
crescente de ser mais respeitoso com as mães e seus bebês, mas
a prioridade hoje é redescobrir as necessidades das mulheres em
trabalho de parto e de seu bebê. Atualmente a prioridade é
satisfazer as necessidades mamíferas básicas, isto é, satisfazer as
necessidades da mulher se sentir segura e a sua privacidade. A
falta de interesse em relação aos efeitos a longo prazo, da forma
pelo qual nascemos desenvolvem forças contrárias a esta idéia,
que não deixam a mulher expressar o seu potencial fisiológico."

Sou completamente a favor do parto natural, e não tenho medo algum de passar pela experiência. Devo isso à minha formação (durante a graduação as aulas de enfermagem obstétrica na UERJ me mostraram um lado muito bonito e humanizado do parto natural, e na residência na Gerência da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro tive a oportundade de fazer excelentes cursos, participar de excelentes congressos e conhecer um pouco mais do movimento feminista e das políticas públicas na Saúde da Mulher), que muito contriuiu para esse me olhar. Espero que a campanha consiga atingir seu objetivo.

2 comentários:

  1. He,he,he! Todo mundo fica bobo quando tem um filho. Será que eu vou ficar assim?

    Ale - a tia Lelê do Pietro (entrando no clima)

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  2. Com certeza vai!!!
    Espere só passar pela experiência...

    Beijos, Clarissa e Pietro.

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